terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nessa terra de gigantes, que trocam vidas por diamantes...

... a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes. (Terra de gigantes - Engenheiros do Hawaii)

Quando você chega num ponto da vida em que o mundo não te convence.

E desconfio que já cheguei nesse ponto o suficiente para confirmar, mais uma vez, que eu não pertenço a este mundo. Ou vice-versa.

A liberdade se pintou, na verdade, como um personagem grotesco, efusivo, exagerado em nossas mentes. Aquele conceito hollywoodiano de liberdade. A loucura. A subversão. Aliás, o que não é hollywoodiano? Até o rock and roll já é.

Enfim, por incrível que pareça e por mais difícil que me seja admitir isso, versos de um pagode brega me conduzem a uma epifania: "o que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?". Se, ao menos, eu soubesse o que pensar dela. Dançar pelado ouvindo rock and roll? Viajar pelo mundo? Andar descalço? Acordar tarde? Virar a noite? Não crer no amanhã? Atravessar a rua sem olhar dos dois lados?

Se nada é real, me diz, onde é que eu tô? Com um pé no mundo, o outro embaixo do edredom. Acho que ainda tô dormindo.

Preciso acordar. Me disseram que a gente tem que ser livre. Ainda dá tempo?

Talvez eu já seja livre. Mas não o bastante para Hollywood. Não o bastante para aquele tipo de desfecho homérico de jovens insanos, correndo pelas ruas, inconsequentes. Não o bastante para ter nascido na década de 70.

Ser livre é tão bonito e colorido.

Talvez a liberdade seja apenas uma metáfora para aquilo que gostaríamos que a vida fosse - mas não é. Porque a vida, no papel ou na tela, tem mais cor e imaginação. E tem música de fundo. Enquanto viver se faz de ruídos cotidianos, aleatórios, repetitivos, irritantes. Irritam, porque nos lembram que a ficção é mais louca, livre e viva do que nossa realidade. Não somos astros do rock: somos o que a vida nos permitiu ser.

A liberdade é uma foto com as cores saturadas.

2 comentários:

  1. eu ainda amo o que vocês escreve. *-*

    beijos de saudade.

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  2. Que belo texto! Gostei muito. E entrei aqui no seu blog, sem planejar antes. Estava pesquisando no google o trecho da música do Engenheiros que dá título ao seu post. Parabéns pelas sábias palavras.

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