Texto escrito em um celular, entre mil devaneios de céus da Grand Central. |
Eu quero é ficar da cor do céu da Grand Central.
A atmosfera apaixonada das luzes baixas, os zodíacos estrelados tatuando o céu de gesso, os intrigantes arabescos confundindo-se com minhas cismas... Enlace perfeito de solidão e ócio. O ruído mudo das multidões apressadas, fugindo e correndo do mundo e do tempo, com pressa de chegar a qualquer lugar de Nova York. Correm sempre, aos solavancos, mesmo em um fim de semana à toa. Rodas roçam o chão - privilégio da malaria móvel e sorte de quem a carrega. Mas há também discretas malinhas e mochilas, que, por sua vez, flutuam em sua praticidade e discrição, sem alarde ou arrastação. Corre povo, corre gente... mas há ainda quem passeie sem tanta pressa nem hora de chegar.
Varro com os olhos a poeira cósmica das estrelas que tatuam o azul - pirlimpimpim americanizado, mas que, garanto, não invalidará a energia do desejo, da prece que estou prestes a fazer: eu só quero ser a cor do céu da Grand Central - misteriosa e simples, psicodélica e pseudo-mágica, fotográfica megalomania, golfão de cismas dos apressados, musa dos poetas urbanos, remédio dos olhos dos que viajam e correm, ou que, tão sós e tão-somente, passeiam, e param, e se deixam perder para sempre, na infinidade de um ou de um milhão de milésimos de segundo, na cor do céu da Grand Central.
muito bom. Parece que estou passeando em NY ao ler seu texto. Parabéns.
ResponderExcluir