sábado, 24 de novembro de 2012

Galáxia


Texto escrito em um celular, entre mil devaneios de céus da Grand Central.

Eu quero é ficar da cor do céu da Grand Central.

A atmosfera apaixonada das luzes baixas, os zodíacos estrelados tatuando o céu de gesso, os intrigantes arabescos confundindo-se com minhas cismas... Enlace perfeito de solidão e ócio. O ruído mudo das multidões apressadas, fugindo e correndo do mundo e do tempo, com pressa de chegar a qualquer lugar de Nova York. Correm sempre, aos solavancos, mesmo em um fim de semana à toa. Rodas roçam o chão - privilégio da malaria móvel e sorte de quem a carrega. Mas há também discretas malinhas e mochilas, que, por sua vez, flutuam em sua praticidade e discrição, sem alarde ou arrastação. Corre povo, corre gente... mas há ainda quem passeie sem tanta pressa nem hora de chegar.

Varro com os olhos a poeira cósmica das estrelas que tatuam o azul - pirlimpimpim americanizado, mas que, garanto, não invalidará a energia do desejo, da prece que estou prestes a fazer: eu só quero ser a cor do céu da Grand Central - misteriosa e simples, psicodélica e pseudo-mágica, fotográfica megalomania, golfão de cismas dos apressados, musa dos poetas urbanos, remédio dos olhos dos que viajam e correm, ou que, tão sós e tão-somente, passeiam, e param, e se deixam perder para sempre, na infinidade de um ou de um milhão de milésimos de segundo, na cor do céu da Grand Central.

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