domingo, 2 de dezembro de 2012

Batom


Poemas são como beijos:
às vezes se dão por acaso,
por tédio ou solidão,
ou mesmo por pura vontade,
por querência ou por saudade,
ou desejo de iludir.

Seduzir-te com um verso
foi meu capricho cruel,
pois maculei nosso amor
com meus lábios no papel.
Retirei o nosso excesso,
vermelhos são nossos versos,
borrados beijos sem perdão:
desejo e reparação.

Meu verso é filho do tédio,
sem métrica sistemática:
é beijo que balbucia
qualquer balela pragmática,
pois o que vale é a intenção
dos beijos-versos que soprei.
E o que nos resta é o coração,
que recém-despedacei.

Dane-se o beijo,
dane-se o mundo,
dane-se o verso,
manchei nosso amor.
Boa noite, querido,
matei-te em meus lábios:
sem
rima,
sem
beijo,
sem
beira,
nem
eira,
nem
volta.

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